Viajar como mochileiro é sinônimo de liberdade, aventuras e, muitas vezes, de viagens longas e econômicas. No entanto, mesmo com o espírito aventureiro, é fundamental entender as exigências de visto para cada país de destino, pois esse é um dos passos principais para garantir uma viagem sem perrengues.
Para mochileiros, ter uma compreensão clara dos diferentes tipos de visto pode ajudar a evitar problemas, economizar dinheiro e otimizar o tempo. Neste guia completo, exploraremos os principais tipos de visto que mochileiros podem precisar, como funcionam e quais são os documentos e preparativos necessários para obtê-los.
O que é um Visto e Por Que Ele é Necessário?
Um visto é um documento oficial que dá permissão para entrar em outro país, seja para turismo, estudo, trabalho ou apenas uma rápida conexão. Cada país tem suas próprias regras sobre os tipos de visto e quem precisa de um. Para os mochileiros, isso significa que, antes de viajar, é essencial conhecer essas regras para cada lugar que pretende visitar.
Existem países que permitem a entrada de brasileiros sem visto (com o uso apenas do passaporte), enquanto outros exigem um processo de solicitação formal, onde o viajante precisa comprovar o motivo da visita e outros detalhes. Conhecer esses detalhes ajuda a evitar surpresas, como ser barrado na fronteira ou precisar voltar para casa antes do previsto.
Onde Tirar o Visto?
A primeira coisa que você precisa saber é que os vistos são emitidos pelas embaixadas ou consulados do país que você deseja visitar. Mas qual a diferença entre os dois?
- Embaixada: É a representação oficial de um país em outro. Geralmente, fica na capital do país e trata de assuntos diplomáticos e de relações internacionais. Em alguns casos, a embaixada também emite vistos.
- Consulado: É um escritório de apoio da embaixada, que normalmente está em outras cidades importantes. Os consulados lidam diretamente com os cidadãos, oferecendo serviços como emissão de vistos, passaportes e apoio a cidadãos do país que representa.
Para tirar um visto, o primeiro passo é encontrar a embaixada ou consulado do país de destino em seu país. Cada país pode ter mais de um consulado em cidades diferentes, então vale a pena conferir qual é o mais próximo de você.
Principais Tipos de Visto para Mochileiros
Como mochileiro, você pode precisar de diferentes tipos de visto, dependendo do seu objetivo em cada país e do tempo que planeja permanecer. Abaixo estão os tipos mais comuns e suas características.
Visto de Turismo
O visto de turismo é o mais popular e comum para mochileiros, já que permite visitar o país por um curto período para lazer, turismo e experiências culturais. Esse visto é ideal para mochileiros que desejam explorar novos lugares, conhecer pontos turísticos e se misturar com a cultura local, sem a intenção de estudar ou trabalhar no país.
Requisitos Comuns para o Visto de Turismo:
- Passaporte válido: Em geral, seu passaporte precisa estar válido por pelo menos seis meses após a data de entrada no país.
- Comprovante de estadia: Pode ser necessário apresentar uma reserva de hotel, hostel ou a carta de um amigo que esteja te hospedando.
- Passagem de saída: Alguns países exigem que você mostre uma passagem para o próximo destino, como uma prova de que vai sair do país ao final da sua estadia.
- Comprovante financeiro: O governo quer saber que você tem condições de se manter no país e não dependerá de assistência financeira.
Para mochileiros, o visto de turismo é ótimo porque é simples de obter e atende bem ao perfil de viagens curtas. Contudo, ele não permite que você trabalhe no país.
O visto de turismo é o tipo mais procurado pelos mochileiros e tem um processo relativamente simples. Muitos países exigem uma taxa para emissão do visto de turismo, mas outros têm acordos com o Brasil que permitem a entrada sem visto por um período limitado.
Estados Unidos: A taxa do visto de turismo é de aproximadamente US$ 160.
Países da Europa (Espaço Schengen): Muitos países europeus não exigem visto para brasileiros, desde que a estadia não ultrapasse 90 dias.
Índia: A taxa para o visto de turismo indiano varia de US$ 10 a US$ 100, dependendo da duração e do tipo de entrada.
Dicas para o pagamento:
Entre no site da Polícia Federal para emitir a guia de pagamento (GRU).
Faça o pagamento online ou em bancos autorizados.
Guarde o comprovante, pois você precisará dele no dia do atendimento.
Visto de Trânsito
Esse tipo de visto é útil se você está apenas passando por um país em conexão para outro destino. Ele é muito comum em viagens mais longas, que incluem paradas em países de conexão. Esse visto é normalmente válido por até 72 horas e é destinado a quem não planeja sair do aeroporto ou das áreas de transporte do país de conexão.
Requisitos Comuns para o Visto de Trânsito:
- Passagem de saída para o destino final: Esse comprovante é importante para confirmar que você realmente está apenas de passagem.
- Passaporte válido: Normalmente com validade mínima de seis meses.
- Visto para o destino final: Alguns países pedem que você já tenha o visto do país de destino final antes de emitir o visto de trânsito.
Para mochileiros que fazem conexões longas, esse visto permite um curto período para explorar a cidade do aeroporto de conexão, mas sempre com tempo limitado.
Estados Unidos: O visto de trânsito (visto C) custa aproximadamente US$ 160.
Outros países: Alguns países exigem apenas um visto de trânsito, enquanto outros permitem a conexão sem a necessidade de visto.
Visto de Trabalho de Férias
Esse tipo de visto é uma excelente opção para mochileiros que desejam viajar e, ao mesmo tempo, trabalhar para ganhar dinheiro e financiar a viagem. Alguns países oferecem o “visto de trabalho de férias” para jovens de certas nacionalidades, permitindo trabalhar de forma legal em empregos temporários. É uma oportunidade única para mochileiros interessados em vivenciar a cultura local e ter uma fonte de renda enquanto viajam.
Requisitos Comuns para o Visto de Trabalho de Férias:
- Idade: Em geral, esse visto é limitado para pessoas entre 18 e 30 anos, mas alguns países aceitam até 35 anos.
- Comprovante de saúde: É comum que você precise de um seguro saúde válido durante toda a estadia.
- Recursos financeiros iniciais: Muitos países pedem que você prove que tem dinheiro suficiente para se sustentar nos primeiros meses, mesmo que pretenda trabalhar depois.
- Passagem de volta ou comprovante de fundos: Como prova de que você tem meios de deixar o país ao final da estadia.
Esse visto é ideal para mochileiros dispostos a trabalhar enquanto exploram novos países, especialmente em locais como Austrália, Nova Zelândia e Canadá, que oferecem programas desse tipo para brasileiros.
- Austrália: O valor do visto de trabalho e férias (subclasse 462) é aproximadamente AUD 510 (dólares australianos), que equivale a cerca de R$ 1.700 a R$ 1.800 (considerando a cotação de 2024).
Nova Zelândia: O Working Holiday Visa para brasileiros custa cerca de NZD 280 (dólares neozelandeses), o que seria aproximadamente R$ 800 a R$ 900.
Canadá: O programa International Experience Canada (IEC) para o Working Holiday Visa varia, com taxas em torno de CAD 156 (aproximadamente R$ 600 a R$ 700).
Visto de Voluntariado
Se você pretende viajar com um propósito social e ajudar em projetos locais, o visto de voluntariado pode ser uma opção. Este visto é ideal para mochileiros interessados em atividades de voluntariado em ONGs, escolas ou organizações ambientais. O tempo de duração pode variar, e alguns países oferecem esse visto sem custo, dependendo do tipo de projeto.
Requisitos Comuns para o Visto de Voluntariado:
- Carta de convite ou aceitação: Normalmente, a organização onde você vai trabalhar precisa emitir uma carta confirmando a sua participação.
- Comprovante financeiro: Assim como o visto de turismo, alguns países pedem que você comprove que pode se sustentar durante a estadia.
- Passaporte válido: Em geral, com pelo menos seis meses de validade.
Este tipo de visto oferece uma experiência única para mochileiros que desejam contribuir com a comunidade local enquanto conhecem novas culturas.
Valores:
- Austrália: O visto de trabalho voluntário na Austrália costuma ser solicitado com o visto de Visitante (subclasse 600), que permite atividades de voluntariado de curto prazo. O custo desse visto é de cerca de AUD 150 (em torno de R$ 500 a R$ 600). Se o programa de voluntariado for remunerado, pode ser necessário um visto de trabalho temporário.
- Reino Unido: Para atividades de voluntariado de curto prazo, como em ONGs e instituições sem fins lucrativos, o visto apropriado é o visto de Visitante para Atividades Voluntárias (Standard Visitor Visa), com um custo de cerca de £100 (aproximadamente R$ 600 a R$ 700).
- Canadá: Em muitos casos, o visto de Visitante (Visitor Visa) é suficiente para voluntariado de curta duração, e a taxa gira em torno de CAD 100 (aproximadamente R$ 350 a R$ 400). No entanto, para atividades mais longas ou remuneradas, pode ser necessário um visto de trabalho.
- África do Sul: O visto de voluntariado específico para quem deseja trabalhar em projetos comunitários ou ambientais custa cerca de ZAR 425 (aproximadamente R$ 120 a R$ 150). Esse visto é válido por até 12 meses.
Visto de Estudos para Curta Duração
Mochileiros que querem fazer um curso curto, como aprender um novo idioma ou se especializar em algo durante a viagem, podem optar pelo visto de estudo de curta duração. Esse visto é ideal para quem deseja estudar enquanto explora o país, mas sem compromissos de longa duração.
Requisitos Comuns para o Visto de Estudos de Curta Duração:
- Comprovante de matrícula: A escola ou instituição de ensino deve emitir uma carta de aceitação.
- Comprovante financeiro: O governo do país quer garantir que você tem como se manter durante o curso.
- Seguro saúde: Em alguns lugares, é obrigatório para estudantes.
Esse visto é uma ótima alternativa para mochileiros que querem aprender algo novo e, ao mesmo tempo, viver em um país estrangeiro por um período curto.
Valores:
- Reino Unido: O visto de estudos de curta duração (Short-term Study Visa) para cursos com duração de até seis meses custa cerca de £100 (em torno de R$ 600 a R$ 700). Para cursos de inglês de até 11 meses, o custo é de £200.
- Estados Unidos: O visto de estudo para curta duração (geralmente o visto B-1/B-2 ou o visto M-1 para cursos vocacionais) custa cerca de US$ 160 (aproximadamente R$ 800 a R$ 900). O visto F-1, para cursos que duram mais de 18 horas semanais, também pode ser aplicável.
- Canadá: O visto de estudos de curta duração (até seis meses) geralmente pode ser realizado com o Visitor Visa, que custa cerca de CAD 100 (em torno de R$ 350 a R$ 400).
- Irlanda: Para cursos de curta duração de até 90 dias, cidadãos brasileiros geralmente não precisam de visto antecipado. No entanto, se o curso for mais longo, um visto específico de estudante é exigido e custa cerca de €60 a €100.
- Austrália: O visto de estudante de curta duração (Student Visa – Subclass 500) também permite estudar em cursos curtos, e custa cerca de AUD 650 (aproximadamente R$ 2.000). Para estudos com menos de três meses, o Visitor Visa (subclasse 600), com um custo de AUD 150 (cerca de R$ 500 a R$ 600), pode ser suficiente.
Visto para Freelancers ou Nômades Digitais
Com a popularidade do trabalho remoto, alguns países começaram a criar vistos específicos para freelancers e nômades digitais, permitindo que esses profissionais vivam no país enquanto trabalham remotamente para empresas de outros lugares.
Requisitos Comuns para o Visto de Nômades Digitais:
- Comprovante de trabalho remoto: Pode ser um contrato ou uma carta de trabalho que comprove que você é freelancer ou trabalha remotamente.
- Comprovante de renda mínima: Para garantir que você tem meios de se sustentar, alguns países pedem uma comprovação de renda mensal mínima.
- Seguro saúde: Normalmente, esse tipo de visto exige um seguro saúde com cobertura internacional.
Esse visto é ótimo para mochileiros que trabalham remotamente e desejam passar um tempo em um país específico, mas sem a intenção de se estabelecer de forma permanente.
Aqui estão alguns exemplos de destinos e os custos aproximados:
- Portugal
Visto de Residência para Atividade Profissional Independente ou o mais novo Visto para Nômades Digitais.
Taxa: aproximadamente €90 para a aplicação inicial e cerca de €150 para o processamento final, totalizando em torno de €240 (cerca de R$ 1.300 a R$ 1.500). - Estônia
Digital Nomad Visa: pioneira, a Estônia oferece esse visto para freelancers que trabalham remotamente.
Taxa: em torno de €80 para um visto de curta duração (até 6 meses) e €100 para o visto de longa duração (1 ano), equivalente a aproximadamente R$ 450 a R$ 600. - Geórgia
A Geórgia possui o programa Remotely from Georgia, que permite que nômades digitais entrem e permaneçam no país sem visto por até um ano.
Taxa: geralmente gratuita para estadias de longa duração, mas pode haver requisitos de seguro e comprovação de renda mínima. - Dubai (Emirados Árabes Unidos)
Virtual Working Program: permite que nômades digitais residam em Dubai enquanto trabalham remotamente.
Taxa: cerca de US$ 287 (aproximadamente R$ 1.400), além de uma taxa para seguro saúde e comprovação de renda mínima de US$ 5.000 por mês. - Croácia
Visto de Nômade Digital da Croácia: permite estadia de até um ano para freelancers e trabalhadores remotos.
Taxa: cerca de HRK 560 para a solicitação (aproximadamente R$ 400), além de uma taxa de residência temporária que varia conforme o local. - México
Visto de Residência Temporária (opção popular para nômades digitais, com validade de 1 ano, renovável até 4 anos).
Taxa: em torno de MXN 4.271 (aproximadamente R$ 1.200 a R$ 1.500). - Bahamas
Visto de Residência de Nômade Digital (Bahamas Extended Access Travel Stay): permite que freelancers e nômades digitais fiquem por até um ano, com opção de renovação.
Taxa: US$ 1.025 por ano (aproximadamente R$ 5.200).
Cada tipo de visto atende a uma necessidade e um perfil de viajante. Para mochileiros, entender as diferentes opções e requisitos ajuda a planejar melhor e evitar problemas nas fronteiras. É sempre importante verificar os requisitos atualizados de cada país, reunir a documentação necessária e se organizar com antecedência para garantir uma viagem tranquila e cheia de aventuras.
Com o visto certo, você poderá explorar o mundo como mochileiro sem preocupações, focando apenas nas experiências que quer viver em cada país. Por isso, ao planejar sua próxima viagem, consulte as opções de visto, escolha a que mais se encaixa em seus objetivos e comece a preparar os documentos. Boa viagem e aproveite cada momento dessa jornada!